Hipótese atómica

O atomismo surgiu entre os gregos como uma teoria que afirmava ser a matéria composta por elementos indivisíveis (átomos), que se combinariam para formar todos os materiais conhecidos. Leucipo (c. 430 a.C.) e o seu discípulo Demócrito (c. 460–371 a.C.), tal como Epicuro (c. 341–270 a.C.), foram os seus defensores mais destacados na antiguidade clássica. Lucrécio (95–55 a.C.) compôs um grande poema expondo esta hipótese, que foi traduzido durante o Renascimento e fez reviver a teoria atomista.

Aristóteles (384–322 a.C.) atacava a teoria atomista por esta considerar a existência de vazios e de pequenos indivisíveis a mover-se livremente. Até ao século XVII, o atomismo era uma teoria defendida apenas por filósofos radicais, dada a sua conotação ateia face à visão cristã da física, que se baseava em Aristóteles. B. Pascal (1623–1662), P. Gassendi (1592–1655), R. Boyle (1627–1691) e outros começaram a advogar uma visão mecanicista da matéria, a filosofia corpuscular. Mas foi John Dalton (1766–1844) quem mostrou que a teoria atómica podia explicar a existência de elementos sugerida por A. L. Lavoisier (1743–1794) e a teoria sobre os compostos, advogada por J. L. Proust (1754–1826). Com base numa análise quantitativa da proporção de elementos, tais como o oxigénio e o hidrogénio, que se combinavam para formar compostos, por exemplo a água, Dalton começou a medir o peso atómico relativo dos elementos químicos.

No século XIX vários cientistas aderiram entusiasticamente à teoria atómica. Mas esta continuou a ter opositores até quase ao final desse século, nomeadamente entre os físicos e químicos que seguiam a filosofia positivista do físico E. Mach (1838–1916), do químico B. C. Brodie (1817–1880) e de outros. Ironicamente, a hipótese atómica ganhou crédito generalizado no fim do século XIX e começo do XX, quando J.J. Thomson (1856–1940) descobriu o electrão (1897) e quando se começou a perceber que os átomos não eram indivisíveis, mas tinham uma estrutura interna.


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