Espaço Atlântico de Antigo Regime

Espaço Atlântico de Antigo Regime

Documents

Ouvidores e ouvidorias no império português do Atlântico


José Subtil
UAL


Pretende-se evidenciar o papel desempenhado pelos ouvidores no governo e na condução das práticas administrativas, chamando a atenção para um dos pólos políticos mais importantes da administração colonial que não tem merecido o devido destaque. Com esta evidência procurar-se-á, também, centrar o papel desempenhado pela Nobreza de Toga na estabilidade do Império, a lógica dos compromissos corporativos e as relações mantidas com outras elites políticas.

Paisagens urbanas no Brasil agrário colonial


Lígia Maria Tavares da Silva
Universidade Federal de Pernambuco


Buscamos investigar elementos da paisagem e do quotidiano urbano no Brasil, quando a economia girava em torno da actividade agrícola e a vida social e política brasileira em torno das fazendas, engenhos, estâncias e currais, ou seja, no período colonial. Argumentos sobre a predominância de uma civilização agrária durante este período, inibiram os estudos sobre o quotidiano das vilas e cidades no Brasil, por serem consideradas historicamente retrógradas. Até pouco tempo, acreditava-se que o colonizador português não as planejava e que, por isso, cresciam na espontaneidade e na desordem. Partimos, porém, do princípio de que nas vilas e cidades coloniais, foram surgindo paisagens urbanas singulares como resultado da imbricação dinâmica entre a paisagem portuguesa, cuja função de civilizar se dava através da defesa, da administração e, sobretudo, da religião católica, e a paisagem tropical, onde a necessidade de sobrevivência das diversas raças que aqui se misturavam, justificava uma certa flexibilização na ordenação da vida quotidiana.

Para além da terra e da região: trajectórias e esferas de poder [...]


Mónica Duarte Dantas
Instituto de Estudos Brasileiros - Universidade de São Paulo


No setecentos a capitania da Bahia viveu um período de farta distribuição de sesmarias, muitas delas em regiões distantes do centro produtor de açúcar, doadas a um conjunto de homens cujas famílias, nas décadas que se seguiram, se viram alçadas a um papel de destaque na política da capitania (depois província) e mesmo para além de suas fronteiras. A partir de trajectórias específicas, buscaremos perceber de que maneira o acesso à terra, a incorporação às redes de mando e influência de algumas das mais antigas famílias da Bahia, a prestação de serviços à Coroa, a busca por símbolos de poder e distinção, bem como a participação e colaboração por ocasião das lutas de independência se configuraram em estratégias que visavam não só à ampliação das fontes de renda mas, principalmente, à inserção nos círculos de poder. Tal situação determinava a actuação em diferentes esferas de mando, do local ao imperial, consubstanciando-se em um lento rearranjar de novas e antigas estratégias de poder no período do pós-Independência.

Para lá do tráfico...redes intelectuais no Atlântico: Angola (1750-1800)


Catarina Madeira Santos
Centro de História de Além-Mar - Universidade Nova de Lisboa



Para lá do grande tráfico de escravos, o Atlântico pode também ser olhadocomo espaço onde se organizam redes intelectuais pelas quais se faz acirculação de autores, ideias, objectos culturais ou quadros mentais. Nesta comunicação pretende-se estudar a maneira como, na segunda metade do séculoXVIII, a colónia de Angola integrou essas redes tornando-se até em luga privilegiado de recepção/produção de peças cartográficas e literárias. Na problemática geral, entre outros exemplos, salienta-se o caso de Elias Alexandre da Silva Correia, originário do Brasil, com ligações estreitas ao ambiente das academias, que tendo ido para a África como militar, escreveu uma extensa História de Angola, em dois volumes, caso singular de reconstituiçãoda memória histórica, em contexto colonial.

Poder e capelania na fronteira das Minas Gerais - o sertão do Oeste


Francisco Eduardo Andrade
Universidade Federal de Minas Gerais


As oportunidades políticas e económicas promovidas por capelanias na fronteira das Minas Gerais eram disputadas pelos senhores, como se depreende da conturbada história da criação da freguesia de São Bento do Tamanduá, focalizada neste trabalho. A capela resultou do enraizamento de interesses económicos de um grupo de parentes e aliados das Minas Gerais no sertão do oeste, rota para Goiás. Foi seu pároco encomendado Gaspar Godim, fazendeiro e minerador, cujo irmão foi um dos principais interessados no negócio da rota. Desde a ocupação sertanista, os aliados de Godim opuseram-se fortemente a qualquer perda de primazia sustentada por sua capelania. A luta mais significativa, porque esclarece a dinâmica política do tenso campo religioso do período (2.ª metade do século XVIII), foi contra o padre Carlos Correia de Toledo, vigário colado (instituição régia) da vila de São José, e que perdurou até sua prisão como inconfidente em 1789. Instituição de poder no meio colonial, inculcando sujeição e civilidade, a capela também funcionou como a primeira instância para confronto dos poderosos.

Poder e conflito no Brasil colonial: o caso do Recife no século XVIII


George Cabral de Souza
Centro de Estudios Brasileños - Universidade de Salamanca


As Câmaras Municipais representaram no Brasil colonial o importante papel de galvanizadoras dos interesses locais e de cenário para a negociação e o conflito entre estes interesses e as políticas metropolitanas para sua colónia. Apesar disso, existem ainda poucos trabalhos dedicados exclusivamente a estas actuantes instâncias de poder. Alguns estudos foram realizados para Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo. Em Pernambuco, é bem conhecida a actuação da Câmara de Olinda no contexto do período posterior a expulsão dos holandeses em 1654. O conflito relativo ao exercício do poder municipal em Olinda, entre a elite açucareira e o grupo mercantil de origem reinol instalado no Recife a finais do século XVII e princípios do XVIII, também foi alvo de muitas investigações. Entretanto, o funcionamento, a composição e a actuação das municipalidades coloniais pernambucanas ainda continuam pouco estudados. Não podemos esquecer que a interferência das particularidades de cada área colonial exigem um olhar específico para cada concelho, apesar da existência das leis gerais que regiam o exercício do poder local. A recente disponibilização dos fundos documentais do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano, bem como dos documentos relativos ao Brasil do Arquivo Histórico Ultramarino digitalizados no Projeto Resgate, permitiram-nos realizar uma aproximação ao exercício de poder na Câmara Municipal do Recife do século XVIII. Essa municipalidade foi desmembrada do termo de Olinda em 1709, fato que fez estalar o conflito entre produtores e comerciantes que se gerava desde as últimas décadas do século XVII. Propomos nessa comunicação abordar alguns aspectos da actuação da municipalidade recifense, especialmente em seus aspectos conflitivos, seja no plano das relações com a câmara de Olinda, seja com as autoridades metropolitanas ou seus representantes na capitania de Pernambuco. A formação do património municipal do Recife e a defesa dos interesses locais frente à Companhia Geral de Comércio de Pernambuco e Paraíba são os eixos centrais que pretendemos abordar.

Poder e poderes na província platina no tempo colonial


Alves Neetzow
Inst. de História da Expansão Ultramarina  - Universidade de Lisboa


A região platina, que hoje compreende o Paraguai, o Uruguai, a Argentina e o sul do Brasil, desde o ano de 1543 fazia parte do vice-reinado do Peru. Este território espanhol era disputado pelos portugueses, desde 1494, em função do Tratado de Tordesilhas. Essa linha imaginária foi responsável por muitas discórdias entre os ibéricos que aí buscavam estabelecer as suas colónias. Além do poder régio, outro instala-se com a finalidade de salvaguardar o espaço aos espanhóis. Tratam-se dos Jesuítas que criaram três províncias próprias, denominadas de Província Jesuítica do Paraguai, a do Guairá e a do Tape. Cria-se uma organização própria para alcançar os objectivos. Surge um poder paralelo, tanto que, até ajuda ao Provincial do Brasil, é solicitada por serem membros da mesma ordem. A análise da colonização da região platina torna-se importante para buscar respostas às lacunas existentes sobre a história da expansão ibérica.

Poderes privados e imaginário político em Minas Gerais setecentista


Adriana Romeiro
Universidade Federal de Minas Gerais


Esta comunicação examina a constituição de pólos de poder privado nas Minas Gerais, durante os primeiros anos do século XVIII. O objectivo é reflectir sobre a natureza peculiar dos poderes em jogo no decurso da Guerra dos Emboadas, cuja legitimidade fundamentava-se nas tradições populares da Época Moderna e na experiência política das populações da América Portuguesa. Região de fronteira, fora do alcance do poder do Estado português, o território mineiro assistiu à multiplicação de formas variadas de poder privado, culminando no conflito que opôs paulistas e emboadas. Interessa aqui investigar a complexidade do imaginário político gestado na região mineradora, de modo a desvendar a naturza e o sentido das práticas políticas que vicejaram à magem dos poderes instituídos.

Política indigenista de Pombal: a proposta assimilacionista e a resistência indígena [...]


Maria Regina Celestino de Almeida
Universidade Estadual Campinas


A política indigenista de Pombal de carácter assimilacionista e antidiscriminatório não surtiu, no Rio de Janeiro, os efeitos desejados, pois os índios continuaram vendo-se e sendo vistos como índios e a própria documentação oficial distinguia-os dos demais moradores. Esta comunicação visa a reflectir sobre a aplicação dessa política nos aldeamentos do Rio de Janeiro, procurando identificar os  interesses dos vários agentes sociais envolvidos e entender, numa perspectiva histórico-antropológica, a dinâmica das relações entre índios e não índios que levou à manutenção das distinções. Pretende-se valorizar a actuação dos índios que, conforme a documentação, esforçavam-se por manter as aldeias e a condição de índios aldeados que lhes fora concedida, séculos antes, pela Coroa Portuguesa, garantindo-lhes direito à terra colectiva e à vida comunitária.

Política indigenista do período pombalino e seus reflexos nas capitanias [...]


Ricardo Pinto de Medeiros
Universidade Federal da Paraíba

O trabalho a ser apresentado pretende, a partir da pesquisa de fontes existentes na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro e no Arquivo Histórico Ultramarino, orientada por novas perspectivas teóricas sobre o Império Português presentes na historiografia luso-brasileira contemporânea, analisar o contexto político no qual foram implementadas algumas acções decorrentes da adopção dos princípios do Directório Pombalino nas capitanias do norte da América Portuguesa, especialmente do Ceará, Rio Grande, Paraíba e Pernambuco. Neste sentido, tem com objectivo investigar como os agentes coloniais, os povos e as povoações indígenas existentes neste recorte espacial se posicionaram frente às modificações impostas e como a sua acção se reflectiu em resistências e adaptações ao novo modelo de gestão administrativa e de exploração da mão-de-obra indígena.

Por que é que foi "portuguesa" a expansão portuguesa?

Por que é que foi "portuguesa" a expansão portuguesa?
ou O revisionismo nos trópicos

António Manuel Hespanha
Faculdade de Direito - Universidade Nova de Lisboa

Portugueses do Brasil: a questão identitária na poesia dos inconfidentes mineiros


Martha Victor Vieira
Universidade Federal de Tocantins


Para abordar a temática da identidade no Antigo Regime português pretendemos, a partir dos textos poéticos, problematizar o sentimento de brasilidade" que, segundo alguns historiadores, consistiu no elemento propulsor para firmar-se uma oposição contra a metrópole. Esse sentimento teria motivado os colonos a se rebelarem, buscando defender os seus interesses económicos e políticos. A conjura mineira é, nesse sentido, lembrada como um episódio emblemático da História do Brasil, porque nela receberam punição, além de Tiradentes, reconhecidos letrados do setecentos, como Tomás Antônio Gonzaga, Cláudio Manuel da Costa e Alvarenga Peixoto, que se envolveram na conspiração. Assim sendo, pelo seu teor político, no nosso entender, a poesia de tais inconfidentes pode ser um impor­tante instrumento analítico para discutir/compreender a pertinência e os matizes da questão identitária na América portuguesa.
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Práticas médicas na América Portuguesa


Daniela Buono Calainho
Universidade do Estado do Rio de Janeiro


Desde os primórdios do estabelecimento da Companhia de Jesus no Brasil, em meados do século XVI, os jesuítas tiveram um papel fundamental no plano da medicina, incorporando esta tarefa aos árduos ideais missionários e educacionais. Alguns deles vinham já de Portugal formados nas artes médicas, mas a maioria acabou por atuar informalmente como físicos, sangradores e até cirurgiões, aprendendo, na prática, o ofício na colónia. A escassez de médicos leigos formados por escolas de medicina na Europa, pelo menos até o século XVIII, o alto preço dos remédios oriundos de Portugal e do Oriente, e a sua frequente deterioração nos navios e nos portos, obrigou-os a voltarem-se para os recursos oferecidos pela terra e para os saberes curativos dos indígenas. Para o enfrentamento das moléstias que assolaram a população colonial, as boticas dos colégios dos inacianos foram singulares, acondicionando diversos medicamentos e elaborando e recopilando receitas para variadas moléstias. O que pretenderemos mostrar nesta comunicação relaciona-se, pois, à acção jesuítica no domínio da saúde e das artes curativas no Brasil colonial.

Prémios e castigo: o Movimento Baiano de 1798 na historiografia oitocentista


Patrícia Valim
Universidade de S. Paulo/FFLCH/DH


O movimento Baiano de 1789, um episódio de contestação política típico do Antigo Regime, porque em território colonial, conteve a peculiar característica de um grupo socialmente heterogéneo propor um projecto político coevo, em bases republicanas e jacobinas. Não à toa, os representantes locais da casa Real portuguesa, ameaçados de frente ao desafio lançado, condenaram à forca quatro homens pardos e livres, e, simultaneamente, circunscreveram nos Autos da Devassa a composição social às camadas médias e baixas daquela sociedade. Inaugura-se, assim, um padrão interpretativo no qual os historiadores vão se apropriar, para constituir o episódio, ao longo da centúria oitocentista, em um não-evento". Nem sempre por um mesmo conjunto de problemas e conceitos, aos historiadores que versaram sobre

Raras petrificações: registos e considerações sobre os fósseis na América Portuguesa


Maria Margaret Lopes
Universidade Estadual de Campinas


Embora tenha se estudado bastante e sob diferentes enfoques o período ilustrado do Império português, os autores que têm se debruçado sobre a documentação nos arquivos portugueses e brasileiros são ainda unânimes em afirmar o quanto ainda falta a ser investigado. E nesse contexto, entre diversos outros temas, as práticas em torno das ciências paleontológicas permanecem em larga medida ignoradas, mesmo em obras referenciais de carácter mais geral sobre a História Natural. Buscando contribuir para alterar esse panorama, este artigo detém-se na transição para o século XIX, quando estão se estabelecendo as bases das ciências paleontológicas modernas, e nos territórios da América estão ocorrendo diversas actividades relacionadas ao interesse pelos fósseis e seus estudos, no contexto das viagens e actividades ilustradas que marcaram a emergência da História Natural moderna na América portuguesa.

Representações do poder do Estado português na América Portuguesa


Maria Paula Dias Couto Paes
Federal de Minas Gerais / Universidade Nova de Lisboa


Esta comunicação pretende a articulação entre três grandes eixos intrinsecamente interligados: primeiro, o fato de que as festividades nas Minas do século XVIII  constituíram-se em ocasiões em que a racionalidade do Estado português era representada na Colônia evidenciando a hierarquia e reafirmando o poder da Coroa%% segundo, a questão de que essa representação possuía uma estrutura retórica e teológico-política  (re)apresentando padrões anónimos e colectivizados de acordo com o uso de modelos de autoridades já consagradas e,  finalmente, a interpretação do significado das alegorias que integravam o programa das festas.  O objectivo principal dessa articulação é a construção de uma inteligibilidade para as práticas de representação nas Minas da primeira metade do século XVIII enquanto formas de expressão do poder da Metrópole e instrumentos de domínio sócio-político da região.

Representações sociais e cidade no Brasil colonial [...]


Sidney Gonçalves Vieira
Universidade Federal de Pelotas


Parte-se de uma concepção geográfica e histórica que permite analisar a história da sociedade a partir da formação territorial. Busca-se analisar o processo universal de apropriação do espaço natural e de construção de um espaço social por uma sociedade específica em um determinado espaço de tempo. Assim, identificam-se na paisagem, formas espaciais que denunciam a um dado ordenamento social e político, próprio do grupo que o produziu. Desse modo, essas formas seguem determinadas funcionalidades e uma sociabilidade característica, que define os modos de apropriação da natureza. Expressam, assim, qualidades dos lugares, que traduzem a história como uma forma progressiva e repetida de apropriação do espaço. Portanto, entende-se que a constituição do território se apresenta como um quadro fidedigno da formação de um país, onde se pode vislumbrar não apenas a económica, mas também os projectos sociais que por diferentes formas foram hegemónicos em uma dada sociedade. Na história moderna os territórios nacionais aparecem como formas dessa organização social, e o território colonial brasileiro aparece como uma forma de organização social típica da expansão capitalista europeia na América. [...]

Retratos de indígenas: Cunhambebe, Atahualpa, Montzuma, Saturiba... [...]


Thereza B. Baumann
Universidade Federal do Rio de Janeiro

Biografias, autobiografias, retratos, auto-retratos foram meios de expressão difundidos como consequência de um processo de crescimento, de um sentimento de individualidade e da necessidade de conhecimento e de auto-conhecimento que o homem experimentou a partir do fim do século XV. A revolução nas artes gráficas proporcionada pela imprensa e pela gravura possibilitou no século XVI a difusão de colectâneas de vidas ilustres, como a publicada por Thevet, Cosmógrafo do rei de França e a este dedicada. Essa obra, que deveria retirar do esquecimento, eternizando a memória daqueles que a mereciam e tornando execráveis aqueles que eram declarados inimigos da virtude, inclui vidas e efígies de personagens relacionados ao Mundo Ibérico e Colonial e aos processos de conquista e ocupação do Novo Mundo, como os indígenas Atahualpa, Cunhambebe, Montezuma. O objectivo é analisar como Thevet desenhou essas personagens no processo de expansão ultramarina de Portugal, Espanha, Inglaterra e França.

Salvador em construção: a mão-de-obra portuguesa, africana e indígena no século XVI


Patrícia Verônica Pereira dos Santos
Universidade Federal da Bahia


As construções civis e militares em Salvador do Século XVI reflectiram a cultura arquitectónica dos povos que chegaram com Tomé de Sousa, primeiro governador geral, o que evidencia as técnicas utilizadas como, por exemplo, o barro, a madeira e a pedra, sistema comum a portugueses, índios e africano. O presente estudo tem por objectivo analisar a mão-de-obra na construção da cidade fortaleza do Salvador no Século XVI, as profissões de cada trabalhador, bem como o seu soldo. As fontes utilizadas foram as Provisões e Mandados Reais, Documentos Históricos da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro e Bibliografias multidisciplinares. Algumas fontes nos remetem ao modo tradicional dos portugueses, africanos e indígenas construírem suas casas e defesas, por isso essa temática deve trilhar pela história social buscando a interlocução com as áreas afins.

Santa Teresa e a espiritualidade mística: a circulação de um ideário religioso no mundo Atlântico


Célia Borges
Universidade Federal de Juiz de Fora


Santa Teresa representou para inúmeras mulheres na Península Ibérica e nas áreas coloniais um modelo de santidade em seu tempo e nos séculos posteriores. A sua busca espiritual e a sua luta obstinada pela edificação de mosteiros, a fim de cumprir a reforma na Ordem do Carmo, serviram de bússola espiritual para inúmeras pessoas. Contribuíram para este processo a sua auto-biografia e outros escritos por ela produzidos, que traduzem experiências no caminho da alta espiritualidade e se tornaram comuns em seu tempo, e no decorrer dos séculos XVII e XVIII, principalmente para as mulheres que aspiravam a uma religiosidade mais intimista. 
No Brasil colonial do séc. XVIII, Jacinta de São José, acompanhada por um grupo de mulheres, aventurou-se no caminho da santidade e empenhou-se em seguir os exemplos da Santa de Castela.  Este trabalho propõem-se, pois, mostrar por um lado o significado do modelo de santidade na Península, a sua irradiação interna e além-fronteiras, que possibilitou a algumas mulheres novas experiências no campo religioso e, por outro, mostrar como o braço da Inquisição inibiu e controlou as incursões pelo caminho da espiritualidade mística.

Seja bem-vindo/a à Biblioteca Digital Camões!

A disponibilização de um conjunto de textos e documentos de grande relevância cultural e linguística insere-se na missão do Instituto Camões: A promoção da língua e cultura portuguesas, de que se vem ocupando desde 1929.

A Biblioteca Digital Camões pretende fazer chegar o Português a um universo cada vez mais amplo de falantes e estudantes do Português. Nos próximos meses receberá novos e diversificados parceiros, que a enriquecerão com as suas contribuições e cooperarão na preparação do Instituto Camões para o Séc. XXI.

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