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A mulatice como impedimento de acesso ao «Estado do Meio»


Isabel Mendes Drumond Braga
Faculdade de Letras - Universidade de Lisboa


Desde meados do século XVI, que a tripartição da sociedade em clero, nobreza e povo deixara de ser operativa. A teorização sobre a sociedade, a redefinição do conceito de nobreza e a criação do chamado estado do meio", com o consequente alargamento dos estados limpos, foi uma realidade que se foi impondo. A mobilidade social ascendente foi possível a todos os que não sendo nobres, mas tendo sangue limpo, andando a cavalo e tendo criados serviam ofícios ou artes consideradas nobres e consequentemente superiores às dos plebeus. Isto é, a expressão "estado do meio" poderia compreender os que não detinham nobreza hereditária, não descendiam de judeus, mouros, negros, mas que se situavam acima dos mecânicos e que, pela arte a que se dedicavam e tipo de vida que levavam, não poderiam ser entendidos como baixos ou vis.

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