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A floresta pariu de novo
o cimento uma alma nova
sinfonia da patchanga
e um cântico de liberdade!
Vasco Cabral, Guiné-Bissau
És tu minha Ilha e minha África forte e
desdenhosa dos que te falam à volta.
Francisco José Tenreiro, São Tomé e Príncipe
A s luzes da cidade brilham no morro. Ainda há pouco vinha do morro um baticum de candomblés e macumbas. Porém agora a cidade está longe e o brilho das estrelas está muito mais perto deles que as lâmpadas eléctricas.
Jorge Amado, Brasil
Nha Chica conte-me aquela história dos meus irmãos hoje perdidos no mundo grande...
António Nunes, Cabo Verde
Era o tempo dos catetes no capim e das fogueiras no cacimbo. Das celestes e viúvas em gaiolas de bordão à porta de casas de pau-a-pique. As buganvílias floriam e havia no céu um azul tão arrogante que não se podia olhar. Era o tempo da paz e do silêncio à sombra de mulembas.
Luandino Vieira, Angola
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A terra treme, a areia salta, o suor escorre, as peles brilham e a voz do chigubo soa. São dois e o sangue à volta é o do chigubo. Os pés batem e o ritmo é bangue, o sangue esquece e só a dança fica, é sura e céu.
José Craveirinha, Moçambique
Tata-Mailau
É o pico-avô da minha ilha.
Fernando Sylvan, Timor
À medida que as navalhas avançavam, as vinhas iam perdendo a graça, a força e a virgindade. E com esta desolação morria também um pouco da alegria dos vindimadores, que chegavam da Montanha sem sono, a cantar e a dançar, e que agora dormiam como lajes.
Miguel Torga, Portugal
Jorge AMADO, Jubiabá. Lisboa, Livros do Brasil, s.d.
José CRAVEIRINHA, «Chigubo», Hamina e outros Contos. Lisboa, Caminho, 1997 (2ª ed.), pp. 33-37.
Manuel FERREIRA, 50 Poetas Africanos. Lisboa, Plátano Editora, 1997 (2ª ed.).
Fernando SYLVAN, A Voz Fagueira de Oan Tímor. Lisboa, Edições Colibri, 1993.
Miguel TORGA, Vindima. Coimbra, 1997 (6ª ed.).
Luandino VIEIRA, ?O nascer do sol?, A Cidade e a Infância. Lisboa, Edições 70-União dos Escritores Angolanos, 1977 (2ª ed.), pp. 79-87.
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