35 mm - pb - 600 mt. Realização: - Lino Ferreira. Produção: - Empresa do Teatro Príncipe Real. Argumento: - Luís Galhardo, Barbosa Júnior. Autor Original: - (Ideia) Lino Ferreira. Fotografia: - João Freire Correia.

Elenco: - Lucinda do Carmo, Carlos Leal, Nascimento Fernandes, Tomás Vieira.

João Freire Correia foi o operador de O Rapto de Uma Actriz - uma das mais curiosas experiências pioneiras, concretizadas no cinema português - integrado e exibido na revista Ó da Guarda! de Luis Galhardo e Barbosa Júnior, em cena no Teatro Príncipe Real. Neste autêntico sketch participaram - em distintas tarefas - três entusiastas que, mais tarde, as iriam repetir no projecto inicial de Os Crimes de Diogo Alves: Lino Ferreira - como eventual realizador e promotor da ideia, que trouxera de Paris; Freire Correia - que, provavelmente, também dirigiu a acção; Nascimento Fernandes - que prolongava na tela a sua intervenção em cena... Considerada a primeira tentativa de vulto, ainda não-autónoma, da ficção no cinema português, produziu-a Luís Ruas por 300 mil reis. A estreia decorreu a 3 de Setembro, tendo participado - incluindo figuração - cerca de 120 pessoas: entre outras, os actores Carlos Leal, Lucinda do Carmo, Lino Ferreira, Tomás Vieira, Castello Branco e o escritor Acácio Antunes. A manivelação, tirada ao natural no Campo Grande, fez-se em apenas cinco horas!

Como evocaria Nascimento Fernandes, no fim do primeiro acto e após se anunciar a interrupção do espectáculo, mas que valia a pena esperar, a projecção mostrava “Carlos Leal fugindo com a estrela (Lucinda do Carmo). Depois, no Campo Grande, em pleno idílio amoroso, surgiam os perseguidores. E iniciava-se uma série de correrias... Recordo-me de que (o polícia Savalidade) trepava a um poste dos telefones, a procurar descobrir os fugitivos, que davam saltos e trambulhões... Está claro que agarrávamos os pombinhos e os reconduzíamos ao teatro”, onde a função continuava, com enorme sucesso de público e apoiada pela crítica como “auspiciosa iniciativa digna de prosseguimento”. Como curiosidade, anote-se que a artista em palco era, entretanto, Maria da Luz Veloso - a qual substituiu Lucinda, que fez as filmagens, na semana anterior à estreia da fita.